18 abr 2017

Novo diagnóstico avalia o manejo do solo no sistema plantio direto

Por Embrapa Solos*

A Rede de Pesquisa SoloVivo busca desenvolver ferramentas para a avaliação do sistema plantio direto em propriedades rurais e microbacias hidrográficas. Seguindo este caminho seus pesquisadores desenvolveram um novo método para a avaliação do manejo em plantio direto: o Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES).

“O DRES é uma proposta metodológica simples e audaciosa”, conta a pesquisadora Alba Leonor Martins, da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ). “Ela é simples porque é de fácil compreensão e audaciosa porque a equipe da Rede de Pesquisa SoloVivo estudou praticamente todo o material que existe nos livros sobre a estrutura do solo”.

O diagnóstico é uma ferramenta de transferência de tecnologia em manejo do solo viável, rápida e sensível às alterações induzidas pelo manejo. Foram estudados em campo métodos em diferentes situações, na tentativa de interpretar o manejo do solo e observar se esses métodos refletiam na prática o que acontecia com o solo.

Concluiu-se que para avaliação do manejo com plantio direto a partir da estrutura do solo, seria necessário um olhar diferenciado, ou seja, uma adaptação baseada em procedimentos adotados em outras técnicas, como a Avaliação Visual da Estrutura do Solo (VESS, da sigla em inglês), o Método do Perfil Cultural (1960) e o próprio Manual de descrição e coleta de solo no campo da Embrapa.

Como funciona

O DRES qualifica a estrutura da camada superficial do solo baseado nas condições gerais da gleba avaliada, relativas à conservação ou degradação do solo e em características detectadas visualmente em amostras dos primeiros 25 cm do solo. São observados: tamanho e forma dos agregados e torrões, presença ou não de feições de compactação ou outra modalidade de degradação do solo, forma e orientação das fissuras, rugosidade das faces de ruptura, resistência à ruptura, distribuição e aspecto do sistema radicular e de evidências de atividade biológica. A partir desses critérios, atribui-se uma pontuação de 1 a 6, onde a maior nota significa a melhor condição da estrutura.

Próximos passos

A equipe continua o trabalho para consolidar a validação do método que já foi testado em experimentos de longa duração da Embrapa, e também junto aos produtores nas microbacias estudadas pela Rede de Pesquisa SoloVivo, relacionando o DRES com a infiltração da água no solo, enzimas, fertilidade, densidade entre outros indicadores de qualidade do solo. A ideia é favorecer a identificação de manejos mais adequados em longo prazo.

“A aceitação tem sido boa”, revela Alba. ”Técnicos de cooperativas do Paraná e Mato Grosso do Sul foram capacitados e já pedem novos cursos”.

O DRES é fruto de um trabalho em equipe que envolve a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP), a Embrapa Solos, Embrapa Soja (Londrina-PR), Embrapa Trigo (Passo Fundo-RS) e Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS), com apoio da Itaipu Binacional.

Ainda em 2017 será editada uma publicação técnica sobre o DRES, pretende-se também produzir vídeos que orientarão o passo a passo do diagnóstico.


14 mar 2017

Estudos e experimentos conduzidos na Embrapa avaliam efeitos do Sistema Plantio Direto na produção de hortaliças

Por Embrapa Hortaliças*

A tecnologia já dispõe de inúmeros relatos de resultados ligados ao seu uso no plantio de grãos, mas no quesito referente ao cultivo de hortaliças a literatura é escassa e os dados ainda pontuais e inconsistentes. Para suprir essa deficiência, estudos comparativos estão sendo desenvolvidos na Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) com o objetivo de avaliar os impactos produzidos a partir da introdução do Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) em experimentos conduzidos nos campos experimentais da Unidade.

De acordo com o pesquisados Carlos Pacheco, da área de Solos e Nutrição de Plantas e que atua na mitigação e adaptação dos sistemas produtivos de hortaliças às mudanças climáticas, o uso ainda esparso da tecnologia pode ser explicado pelo pouco conhecimento por parte da cadeia produtiva, uma realidade que já vem sinalizando algumas mudanças.

“A partir da divulgação desses múltiplos resultados que estamos obtendo na Embrapa, e em outros órgãos que desenvolvem sistemas de produção sob plantio direto, já deu para perceber, pela demanda por informações, um aumento do interesse, recentemente reforçado pela questão da crise hídrica”, anota o pesquisador.

Segundo ele, há bem pouco tempo os benefícios do uso do SPDH estavam relacionados à conservação do solo. Atualmente, existe também o reconhecimento de que esse sistema é uma importante ferramenta de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E os números comprovam. “Resultados publicados pela equipe envolvida com o tema relatam o papel que o SPDH desempenha no incremento dos teores de carbono no solo, na redução das perdas de água e solo e na melhoria do microclima de cultivo, reduzindo a necessidade de uso da água para irrigação e a ocorrência de grandes variações de temperatura na superfície do solo”, destaca Pacheco.

Ele acrescenta que em um dos trabalhos, por exemplo, observou-se que a temperatura na superfície do solo cultivado com brócolis em SPDH esteve em torno de 4ºC menor que aquela registrada no sistema convencional. Segundo o pesquisador, essa diferença foi fundamental para a manutenção da temperatura dentro do limite máximo (30ºC), considerado ótimo para cultivo dessa hortaliça no SPDH.

O SPD é uma das tecnologias inseridas no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), do governo federal. “Nossos resultados mostraram claramente que o SPDH, após seis anos de uso, foi capaz de aumentar os níveis de carbono no solo. Esse aumento se deu tanto em frações da matéria orgânica, facilmente degradáveis, como nas de difícil degradação, o que nos leva a projetar um efeito positivo a longo prazo”.

GANHOS CONTABILIZADOS

Respostas a muitos dos experimentos que vêm sendo realizados na área da Embrapa Hortaliças já foram devidamente contabilizadas, a exemplo da medição do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), que quantifica os microrganismos do solo, conforme trabalho desenvolvido pela pesquisadora Mariana Fontenelle. No cômputo geral, o CBM manteve-se mais elevado no plantio direto quando comparado ao sistema de preparo convencional, o que representa uma rápida resposta, considerando-se apenas dois ciclos de cultivo de melão.

“Isso implica em uma melhoria na qualidade do solo, com incorporação de matéria orgânica e aumento na diversidade de microrganismos benéficos, traduzido em aumento na produtividade”, sintetiza Mariana.